quarta-feira, 19 de março de 2008

TIBETE, CHINA E VIOLÊNCIA


As recentes manifestações um pouco por todo o mundo a favor do Tibete e seu povo que foi invadido pela República Popular da China em 1949, tem vindo a tornar-se notícia internacional com imagens de violência e mortes nos confrontos com a policia chinesa.

O primeiro ministro chinês Wen Jiabao, acusa mesmo o Dalai-Lama de ser responsável pela situação dizendo que tem provas de que S.S. (na clandestinidade) inspira a revolta e insurreição dos budistas, em especial daquela região. Porém, circula na Internet uma foto polémica que prova o contrário e compromete o governo chinês que parece estar mentindo ao mundo pelas acusações que faz ao lider tibetano, porquanto uma agência britânica fez publicar recentemente esta imagem de soldados com mantos budistas debaixo do braço que, das duas uma, ou os retiraram aos monges detidos e os deixaram despidos, ou a finalidade é outra que dispensa meus comentários:




De resto, o Dalai Lama nega todas as acusações de que é alvo e já ameaçou mesmo demitir-se do seu cargo no exílio se a violência (dos próprios budistas) continuar. Na verdade, penso que essa seria a melhor decisão para mostrar ao mundo (e ao seu povo) que não deseja lutas sangrentas nem confrontos, com vítimas ou violências de parte a parte, para mostrar que tem razão.

Afinal, ele é um homem de Paz, um lider espiritual que sabe perfeitamente que nenhum governo ou posição de liderança é maior e mais importante do que a Luz do Mundo ou do Conhecimento da Verdade que deve iluminar toda a Humanidade. E para isso basta apenas fazer como Buda ou Cristo e não como os homens amantes do Poder que dominam tudo isto.

No entanto, acho bem que haja movimentos de solidariedade por toda a parte a favor do povo do Tibete, tal como se fez por Timor, sendo que a própria Comunidade Internacional devia pronunciar-se e persuadir o governo chinês de respeitar mais os Direitos Humanos, em particular dos tibetanos, pois devem ser livres de manifestar-se e ter suas crenças e Religião. Mas infelizmente o Mundo Ocidental, mais “cristão”, pouco se importa com a situação. Essa é a verdade!

Entretanto, os Tibetanos são actualmente uma minoria devido ao grande afluxo de chineses no seu país e são frequentemente presos e torturados de forma arbitrária, devido à sua prática religiosa e a qualquer espécie de resistência ou manifestação contra a ocupação chinesa.

Wen Jiabao, diz, no entanto, que a região do Tibete desde a sua "libertação pacífica" (com um milhão de mortes?), avançou e desenvolveu-se. Mas o facto é que «mais de 6.000 mosteiros foram demolidos e 80% dos tibetanos que vivem no Tibete são analfabetos, além de serem alvo de discriminação, sem acesso aos cuidados de saúde e educação», é o que se diz numa certa petição! E mais se revela num parágrafo da mesma que... «o ecosistema do planalto tibetano tem vindo a ser devastado pelo Governo chinês e o “tecto do mundo” é hoje palco da produção de armas nucleares, factor de risco para todo o planeta»...

Gostaria de acreditar que isto não é verdade, e para prová-lo o governo chinês devia mostrar à Humanidade que a ocupação que fez ao Tibete teve outro propósito que não este de que é acusado.

Por fim, o Dalai Lama devia pronunciar-se e dizer se pensa a mesma coisa ou tem algum conhecimento sobre esta questão.

Pausa para reflexão!

Rui Palmela

3 comentários:

  1. Caro Rui , Este seu comentário é reiteradamente muito interessante.
    O budismo é uma religião pacifica, que preza pelo respeito e direito à vida para que todos os seres possam seguir o seu dharma.
    Não confio nos lideres chineses, sinceramente acho-os criminosos e pouco honestos.
    Pretendo mnostrar a minha solidariedade com o povo tibetano o qual está nos dias que correm explorado, subjugado e tremendamente maltratado.

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  2. A historia do povo Tibetano é mistica, insolita. plena de segredos e desvelada pelos lamas em profundo extase mistico.
    Alguns eminentes lamas tiveram o mesmo tipo de iniciação que os iniciados do antigo Egipto, dos quais se destacou Platão ou Pitágoras..
    A iniciação espiritual aconteceu com frequencia nos antigos povos, mesmo nos Templários dos sec. XII, pratica que lhes deu tanto bravura e poder.

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  3. L M Sequeira18 fevereiro, 2012

    Passaram-se quatro anos sobre este artigo, e realmente o Dalai Lama demitiu-se do seu cargo, tendo veiculado a ideia de que se calhar não vão haver mais Dalai Lamas. Houve um longo período do Tibete em que não existiram Dalai Lamas, e não foi por isso que o Tibete "desapareceu". Talvez, diz Tenzin Gyatso, o actual Dalai Lama, seja altura de deixarem de existir mais Dalai Lamas, se isso ajudar o povo do Tibete de alguma forma (nem que seja para deixar as autoridades chinesas mais descansadas).

    No entanto, o actual Dalai Lama deixa uma mensagem bem clara de que é não só profundamente contra os grupos terroristas tibetanos que acham que demasiado pacifismo não tem levado a uma mudança de mentalidade no "povo opressor" (ou seja: afirmam que Gandhi teve sucesso com o seu movimento não-violento e pacifista na Índia porque os ingleses são cavalheiros; mas que o governo chinês só entende a força), pedindo-lhes constantemente que não intervenham violentamente contra o governo e as autoridades, mas pede também aos apoiantes estrangeiros da Causa Tibetana que moderem as suas intervenções anti-chinesas. Mesmo que bem intencionadas em muitos casos, quanto mais a comunidade internacional ergue a sua voz contra a China, mais sofrem os tibetanos! Na realidade, a abertura manifestada pelo governo chinês em meados dos anos 80, em que os mosteiros voltaram a reabrir e muitos professores foram autorizados a voltar às suas terras para ensinar o Dharma do Buda, tem regredido, à medida que os grupos terroristas tibetanos têm feito mais ameaças (e algumas acções concretas), apoiados, nem que seja implicitamente, por organizações estrangeiras que erguem a sua voz contra a opressão chinesa do povo tibetano.

    Ora a violência só gera mais violência. O governo chinês não se pode dar ao luxo de "perder face", seja internamente, seja internacionalmente: se surgem demasiados grupos anti-chineses, para "mostrar quem é que manda", o governo chinês só reprime ainda mais o povo tibetano. Quem assiste a isto no terreno diz que se reverteram vinte anos num longo processo de tentativa de tolerância e de aproximação. O actual Dalai Lama tem sido o "pivot" que consegue, apesar de tudo, impedir que os grupos terroristas e anti-chineses se ergam ainda mais. A maior parte destes grupos nem sequer são budistas ou respeitam as tradições culturais ancestrais do Tibete; felizmente, no entanto, têm imenso respeito pela pessoa do Dalai Lama, e a esmagadora maioria tem até respeitado o desejo de Sua Santidade de se manterem em silêncio.

    Quando o actual Dalai Lama deixar este mundo, esses grupos todos vão erguer-se num banho de sangue contra o opressor chinês e é fácil prever o resultado: será pior do que em 1959... Isto só se pode evitar com muita paciência, muita tolerância, e muita contenção nas mensagens que se enviam ao governo chinês.

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