Surgiu recentemente em Portugal um movimento de jovens ligados à época das trevas medieval, que se identificam com o Satanismo, o Vampirismo e seus cultos, usando roupas pretas e objectos ou ornamentos que caracterizam seu próprio estilo de vida, frequentadores de cemitérios, como seres da noite que perambulam solitários à luz do dia. São conhecidos por "os góticos".
Creio, porém, que muitos desses jovens (senão a maioria) desconhecem ou confundem o termo gótico que “designa uma fase da história da arte ocidental identificável por características muito próprias de contexto social, político e religioso, em conjugação com valores estéticos e filosóficos e que surge como resposta à austeridade do estilo romântico”, que se desenvolveu na Idade Média durante o século XII.
Todos os Iniciados se exprimiam em Argot, nomeadamente os franco-maçons que edificaram as obras-primas góticas que hoje admiramos, onde não faltam simbolismos cabalísticos que inclui a própria figura sinistra do ‘Gárgula’ (como se vê acima) ou a do “Baphomet”, na Catedral de Notre-Dame em Paris – França, onde teriam sido dados os primeiros passos na arquitectura de estilo gótico em meados do século XII, estendendo-se pela Europa até ao início do século XVI.
Mas foi Giorgio Vasari (pintor e arquitecto italiano) que utilizou pela primeira vez o termo gótico para designar a arte da Idade Média como o oposto da perfeição, vendo nela o obscuro e o negativo, relacionando-a neste ponto com os Godos, povo que semeou a destruição na Roma antiga em 410.
Este tipo de ‘goticismo’ teve inicio no Reino Unido durante o final da década de 1970 e se desenvolveu numa certa camada jovem que se esteolizou nos seus próprios gostos musicais (darkwave/gothic rock, death rock, trip hop, synthpop, etc.) a par duma estética visual de "moda" cujo vestuário e maquiagens (com penteados alternativos) desafiam a moda comum, fazendo chique aquilo que é decadente e negativo, glamourizando o niilismo e o hedonismo, nada tendo a ver pois com o verdadeiro sentido e significado do Gótico em Portugal ou qualquer outra parte do Mundo.
Ora, o gótico na arte e arquitectura portuguesa surge no último quartel do século XII, com as obras do Mosteiro de Alcobaça (começado em 1178), fundado pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, para a Ordem de Cister. É a primeira obra totalmente gótica no país, havendo muitas igrejas portuguesas de estilo de transição românico-gótico datando do século XIII até ao século XIV. A expansão da arquitectura gótica em Portugal deveu-se de resto às ordens religiosas dos franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinhos.
A dissolução do estilo gótico no país ocorreu depois lentamente e surge um outro tipicamente português no reinado de D. Manuel I (1495-1521), sendo o Mosteiro de Jesus em Setúbal considerado a primeira obra manuelina que se espalha por Portugal e atinge o ápice com a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, tal como a Igreja do Convento de Cristo em Tomar.
Pausa para reflexão!
Admiro o seu conhecimento nos mais diversos assuntos e o seu espírito crítico, no entanto a tolerância pelos outros é algo que está em carência nos nossos tempos.
ResponderEliminar"O comum dos mortais" tem capacidade para perceber a filosofia e forma de estar na vida dos chamados "Góticos" basta estar prédisposto a isso, que é algo que não me parece estar receptivo.
Já fui "Gótica", neste momento não o sou mas aquilo que eu percebo deste chamado movimento está ao alcance de qualquer um dos "comuns mortais"!
Surgiu quando ? Em 2008? Que parolos! EM 1978 ESTE TIPO DE ABORDAGEM DE VIDA JÁ SE VIVIA NA CIDADE DO PORTO. INFORMEM-SE E TENDES DE COMER MUITA BOROA...Ó SE TENDES...
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