Os dois homens que mereceriam mais respeito e até foram galarduados com o prémio Nobel da Paz, na defesa da Liberdade e Direitos Humanos no planeta, decepcionam hoje muita gente pela sua postura face à questão da morte de Bin Laden que está sendo criticada em todo o mundo pela forma como tudo sucedeu.
O dalai lama, de 75 anos de idade, ex-lider do povo tibetano que iniciou uma viagem de 4 dias ao sul da Califórnia (depois de ter sido adiada por ter ficado doente quando passou pelo Japão), afirmou numa conferência na Universidade em Los Angeles que “a morte de Osama Bin Laden no Paquistão foi uma ação justificada"...
O lider espiritual do Budismo tibetano, doutrina de amor e compaixão que aponta o caminho da perfeição, cai assim na mais profunda contradição quando afirma que... “como ser humano Bin Laden pode ter merecido compaixão e inclusive o perdão por seus atos, mas perdoar não significa esquecer o que aconteceu”, justificando assim o ataque no Paquistão que terminaria com o assassinato a sangue frio do homem mais procurado do mundo que estava desarmado e em pijama na companhia de sua mulher e filhos quando supreendido a meio da noite pelo grupo especial os “SEALS” que o Presidente Obama felicitou pelo seu ‘êxito’.
Entretanto as reacções no mundo sobre este facto são as mais diversas e concordo plenamente com todos os que censuram o acontecimento pela forma como o mesmo foi festejados por milhares de pessoas nos EUA, como tão bem se pronuncia Peter Joseph (Director cinematográfico e activista norte-americano) que descreve dizendo que foi uma “exibição de uma celebração grotesca, reflexo de um nível de imaturidade emocional que beira a psicose cultural. O retrato de pessoas correndo pelas ruas de Nova York e Washington entoando slogans jingoístas americanos, acenando suas bandeiras como membros de algum culto, louvando a morte de outro ser humano, revela ainda outra camada desta doença que chamamos de sociedade moderna”, concluindo ainda que:
"... a morte de Osama Bin Laden não significa nada quando se trata do problema do terrorismo internacional. Sua morte simplesmente serve como catarse para uma cultura que tem uma fixação neurótica em vingança e retaliação..."
Parece que quem fez agora do lider da Al-Qaeda um ‘mártir’ e ‘herói’ foi o próprio Presidente Barack Obama ao ter mostrado seu lado mais tenebroso quando tanta gente o apreciava e julgava que ele seria uma “nova luz” para o Mundo, mas está decepcionando pela sua postura semelhante ao de qualquer ser humano de baixo nivel intelectual e espiritual, como os terroristas a quem persegue a nível internacional, provocando ainda mais desejos de vingança numa espiral de violência que pode eclodir em toda a parte pelo ódio que é alimentado pelo próprio ódio no planeta.
O que mais me surpreende no Dalai Lama e Barack Obama é ambos terem posições semelhantes num acto criminoso censurado por culturas religiosas tão diferentes. O Presidente dos EUA acha mesmo que Deus abençoa tudo isso quando Jesus Cristo ensinou o contrário e Buda a mesma coisa. Mesmo Gandhi mostraria decerto uma postura cristã mais digna do que Obama e o lider tibetano que parecem ter descido ambos no seu nivel humano.
Mas cada pessoa fará seu juizo e tirará decerto, de tudo isto, alguma ilação. Eu já tirei a minha!
Pausa para reflexão
Rui Palmela
Na minha página do Facebook, ao manifestar minha opinião sobre este acontecimento no dia 2-5-2011 após o discurso de Barack Obama e sua recuperação de popularidade depois do sucedido, uma pessoa não gostou que eu tivesse comparado o povo norte-americano aos cowboys de outros tempos e até os defendeu dizendo que é a eles que se recorre quando é preciso intervir em situações internacionais.
ResponderEliminarPerante isto respondi que o termo 'cowboy" nasceu mesmo nos EUA devido a estrutura da indústria cinematográfica de Holywood em que se criou a imagem de vencedores que derrotavam sempre os indios e os expulsavam de seus territórios pela sua superioridade de armas (revólveres e espingardas contra arcos e flechas) tal como hoje continuam fazendo o mesmo sendo os mais poderosos em termos militares e por isso se julgam os senhores do Mundo.
Por isso continuam sendo os "cowboys" do século XXI que dominam pela força das armas e grande poder económico/financeiro que pode impôr sua hegemonia aos paises mais fracos que perdem sua liberdade (tal como os indios a perderam no passado) mas são fracos perante as forças da Natureza a quem prestam contas por serem o pais mais poluidor e gastador de recursos do Planeta.
E se é verdade que é a “eles” que se recorre quando é preciso intervir em qualquer país chamando os “Policias do Mundo”, o facto é que actuam sempre sim desde que haja também interesses de sua parte. Não é por uma questão de “Justiça” ou moralidade na defesa dos “Direitos Humanos” em todo o lado.
Mas já agora eu pergunto: “quem nos defende desses nossos ‘defensores’? Se calhar só outros Exércitos bem mais poderosos do que eles e esses eu creio que intervirão aqui na Terra quando chegar o momento oportuno.
Entretanto a Natureza vai mostrando a todos quem tem a força e o poder e terá decerto a última palavra a dizer. Pensemos nisto!
O presidente Obama nunca me iludiu, para chegar onde chegou já estaria comprometido com muitos, e sobre variados aspectos. Que esta história tenha sido utilizada para o promover tendo em vista as eleições parece-me totalmente plausível.
ResponderEliminarAgora do Dalai Lama, confesso que espera mais...
Relativamente aos festejos que se seguiram ao anúncio do assassínio de Bin Laden, concordo com o texto e digo mais: o povo americano não passa de uma marionete nas mãos dos políticos e média; basta um comunicado do presidente, sem provas de sustentação, para que aquela gente "engula" a pastilha sem hesitação?!
A morte de Ossama já tinha sido anunciada antes, inclusive pela CNN. Morreu outra vez? Que conveniente.
Corpo deitado ao mar? Que conveniente, novamente!
O que me deixa triste, é que entre uns e outros - terroristas e cidadãos- não há diferença nenhuma, todos clamam por sangue.
Toda esta história, verdadeira ou fictícia é lamentável. Não vejo motivo algum para festejos.
Um abraço, Rui.
E quem disse que Bin Laden morreu?
ResponderEliminarOs mesmos que disseram que Sadam Hussein tinha armas de destruição maciça.
Bin Laden está algures, talvez nos EUA, sujeito a interrogatório intenso, sem qualquer controlo dos orgãos de comunicação social, da cruz vermelha, dos movimentos dos direitos humanos, etc... Morto, sepultado no mar... é assunto encerrado. Agora podem fazer dele o que quiserem. Até o podem cortar às postas...
Esta é para mim, uma verdade possível... Contudo, posso estar errado. Mas quem poderá afirmar o meu erro?
António Pedro
Puxa vida, realmente me decepcionei com esta colocação infeliz do Dalai Lama... eu esperava uma postura menos crua da parte dele, uma postura compassiva e ética em relação às condições em que esta "morte" (se é que ela ocorreu) se processou.
ResponderEliminarEu sempre admirei o Dalai Lama pela serenidade e profundidade de suas explanações, mas esta me puxou o tapetinho...
Paz e Luz sempre.
Érica.
Também me decepcionou essa posição do Dalai Lama, amiga Erica. Aliás, desde há algum tempo que eu já me tinha decepcionado com ele quando disse num de seus escritos que não havia mal nenhum as pessoas comerem carne e portanto sacrificarem animais. Como espiritualista e vegetariano que sou, isso me desiludiu bastante vindo de um lider espiritual do Budismo tibetano.
ResponderEliminarMas agora também me decepcionei com Barack Obama em quem eu depositava algumas esperanças para melhorar o mundo.
Abraço
Rui Palmela