A crise no meu país, não é só económica e financeira, mas sobretudo cultural e civilizacional em muitos aspectos em que a própria Justiça é cega e trôpega, pouco evoluida, dominada por gente influente que mantém o povo inculto e ignorante para o explorar mais facilmente.
Esta minha conclusão se baseia em muitos factos que são relatados quase diariamente nos meios de comunicação social e hoje cheguei a mais uma conclusão por saber que o Tribunal de Viana do Castelo autorizou a realização de Touradas naquela cidade onde as mesmas tinham sido banidas e voltou a ser palco desse espectáculo medieval muito apreciado ainda por muita gente no século actual que assiste esfuziante aos maus tratos a um animal encurralado numa arena onde se praticam ignóbeis e tristes cenas.
Pior ainda é o que se passa em Barrancos (uma vila alentejana junto à fronteira de Espanha) onde todos os anos em Agosto se realiza um espectáculo sangrento e violento com toiros de morte em plena praça pública numa arena improvisada frente à capela donde sai uma procissão em honra de “Nª Srª da Conceição” que certamente ficaria horrorizada e condenaria tanta maldade e crueldade numa festa religiosa em seu nome que culmina de forma tão demoniaca ou abominável com tanta gente a divertir-se com o sofrimento e morte de um animal que depois é arrastado pelo chão e seu cadáver retalhado donde se retira toda a carne para ser distribuida (como despojos) pela população.
Isto se passa em Portugal em pleno século XXI onde os defensores das Touradas acusam de “censura cultural” os que combatem este despropósito ou retrocesso civilizacional que chamam de ‘tradição’...
O mesmo argumento utilizou o Tribunal de Viana do Castelo para justificar sua decisão de autorizar de novo a realização de touradas naquela cidade que até servia de modelo para que outras seguissem seu exemplo e aos poucos terminasse um espectáculo que a própria UNESCO classificou em 1980 do seguinte modo:
"A Tauromaquia é a terrível e venal arte de torturar e matar animais em público, segundo determinadas regras. Traumatiza as crianças e adultos sensíveis. A tourada agrava o estado dos neuróticos atraidos por estes espectáculos. Desnaturaliza a relação entre o homem e o animal, afronta a moral, a educação, a ciência e a cultura"...
Por fim, subscrevo também as palavras de alguém que dizia: "A corrida de touros é um jogo sujo onde o touro é o único animal honesto"...
Termino esta minha dissertação, citando um grande escritor francês (Vitor Hugo) que dizia:
“Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à Natureza e aos animais”...
Isto não é entendido ainda no século XXI pelos homens que tomam decisões nos Tribunais.
Fica aqui mais esta questão.
Pausa para reflexão!
Rui Palmela
Em 1836, o ministro do Reino Passos Manuel promulgou um decreto proibindo as touradas no país (coisa que o marquês de Pombal já tinha feito no século anterior)e justificava sua decisão dizendo:
ResponderEliminar“Considerando que as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de Nações civilizadas, bem assim que semelhantes espectáculos servem unicamente para habituar os homens ao crime e à ferocidade, e desejando eu remover todas as causas que possam impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa, hei por bem decretar que de hora em diante fiquem proibidas em todo o Reino as corridas de touros.”
Porém as «razões» do costume prevaleceram e nove meses depois as corridas regressaram...
Olá Amigo Rui Palmela. Como vai?!
ResponderEliminarHá quanto tempo esperava por um artigo seu, e finalmente aparece uma justa dissertação da ferocidade humana para com os animais. O quanto eu lhe agradeço por escrever tão bem, e por ser uma nobre alma ao serviço maior.
Só para justificar ainda mais esta nobre causa, acrescento uma afirmação do Manuel Carrilho, ex-ministro da cultura, proferido algo do género "os espectáculos de tourada devem prevalecer tanto quanto a antiga escravatura, pois também foi uma tradição"... Vivemos num Mundo globalizado em que até existem maneiras de se minimizar o sofrimento dos animais no abate, contudo como se justifica esta excepção tão bárbara?!...
Por mim o Mundo seria todo vegetariano. Mas temos que viver em "harmonia" e não impôr de alguma forma a nossa conduta aos outros, pois isso é estar actuar erradamente. Mas tantos e tantos séculos passaram e porque ainda andamos nisto das guerras, matar, roubar, desrespeitar?!...
Até quando?!...
Que as Forças do Alto escutem os nossos corações, e na medida do possível atendam às nossas preces.
Obrigada pela atenção Rui, até à próxima.
Olá querida amiga Ana,
ResponderEliminarFico grato sempre pela tua prestimosa participação neste meu Blog onde tento sempre transmitir algo que sirva de algum modo para despertar consciências e tornar este mundo melhor, mais humano e civilizado, onde haja mais amor.
Infelizmente nem toda a gente pensa assim e acha que a maldade e a crueldade com os animais é coisa normal e cultural, de tal modo que até se aprovam leis de excepção como essa dos toiros de morte em Portugal aprovada por um ex-Presidente da República (dr. Jorge Sampaio) que na altura defendeu esses espectáculos como valores da 'tradição'.
Enfim, são estes cérebros politicos que conduzem e governam este país que está em Crise em todos os aspectos e precisa urgentemente duma grande mudança e transformação, acreditando eu que um dia se há-de cumprir no seu papel de verdadeira Nação.
Até à próxima, querida amiga. Um abraço do coração.
Rui Palmela
Para o Bem ou para o mal,vamos mudar,senhor Rui.
ResponderEliminarEu sou bióloga, mas não é preciso ter estudado biologia para compreender o sofrimento atroz que é infligido aos touros antes, durante e após as touradas. Basta ver a reacção destes nobres e indefesos animais, vítimas da crueldade dos "humanos.""
ResponderEliminarOlá Rui Palmela,
ResponderEliminarSou brasileira e também abomino a crueldade com gente ou com animais. Espero um dia que meu país chegue ao estágio de defender humanos, principalmente nós mulheres! Tínhamos no sul do Brasil, em Santa Catarina, estado que recebeu muitos imigrantes portugueses, uma festa como as touradas, "a farra do boi" onde se perseguia e infligia torturas aos animais como celebração cultural. Foi banida. Mas infelizmente, a violência: estupros, assassinatos cruéis, assassinatos em nome do amor e honra vitimam muitas mulheres brasileiras. As estatísticas brasileiras sobre a violência contra mulheres nos coloca no patamar anti-civilizatório! Espero que as touradas e outras farras contra os animais sejam banidas de Portugal, assim como os maus tratos e assassinatos de mulheres no meu país! Abraço. Marina da Silva. Brasil.
Olá Marina,
ResponderEliminarGrato pelo seu comentário que li com muita atenção e fico chocado com essa "farra do boi" que eu já tinha ouvido falar e que parece ainda não ter sido banida definitivamente em todo o território do Brasil, tal como acontece com os toiros de morte aqui em Portugal apesar de ser proibido na maior parte do território nacional, excepto em Barrancos (uma vila alentejana de fronteira com Espanha) onde todos os anos, em Agosto, se mata em público vários toiros gozando de uma "lei de excepção" que abre um precedente para que outros façam a mesma coisa.
Quanto aos maus tratos inflingidos a mulheres, infelizmente ainda continua o flagelo da violência doméstica aqui em Portugal como no Brasil, apesar de ser um crime público que devia ser banido por toda a gente.
Enfim, minha querida Amiga Marina, tenho esperança de que tudo mude nos próximos tempos por força dos Acontecimentos. Oxalá que seja breve e a Mulher volte a ser amada e respeitada como merece.
Um beijo e abraço do coração.
Rui Palmela