quinta-feira, 17 de abril de 2008

A PLACA DE GELO WILKINS


Uma recente notícia na imprensa internacional dá conta que uma montanha de gelo com 570 quilómetros quadrados separou-se na Peninsula Antártica. Imagens de satélite mostram uma dramática fractura da placa de gelo de Wilkins, que depois foi confirmada por fotografias tiradas de um avião do British Antarctic Survey.

Uma superfície com cerca de 13.000 quilómetros quadrados está em colapso iminente, sob o ataque directo de vagas e do calor da atmosfera, que estão a quebrar ainda mais gelo. Os cientistas atribuem o problema a alterações no clima e a um Verão muito quente no Hemisfério sul do planeta.

A ruptura começou a 28 de Fevereiro/2008 e foi detectada por um cientista da Universidade do Colorado, Ted Scambos, que alertou os seus colegas britânicos. Tudo indica que a placa de Wilkins esteja neste momento segura apenas por uma estreita faixa de gelo, com pouco mais de cinco quilómetros de largura, apoiada em duas ilhas e novos rompimentos podem ocorrer a todo o momento. Um iceberg com 570 quilómetros quadrados (o equivalente a dois terços da ilha da Madeira) parece estar pois em movimento, desintegrando-se progressivamente, tendo já perdido cerca de mil quilómetros quadrados em 1998 ou 6% da sua superfície.

Este não será o primeiro colapso de uma placa de gelo gigante na Península Antárctica. Há seis outras placas que desapareceram quase por completo nos últimos anos, mas eram todas bastante mais pequenas. A separação mais espectacular, a Larsen B, ocorreu em 2002, derretendo na altura 500 mil milhões de toneladas de gelo.

Isto não teve consequências (ainda) para o aumento do nível dos mares, por se tratar de gelo flutuante, mas o nível dos mares irá aumentar a partir do momento em que derreterem todos os glaciares polares, como na Gronelândia ou sobre a Antárctida.

Em teoria, se o aumento da temperatura provocasse o colapso desta vasta massa de gelo nos próximos anos, os oceanos poderiam aumentar até 64 metros, engolindo algumas das maiores cidades do planeta, situadas nos grande Continentes. (De resto é isso mesmo que se prevê e já foi feita uma simulação em computadores que indicam quais as zonas mais afectadas no Planeta. Portugal está incluido, podendo todo o litoral de norte a sul ficar submerso, exceptuando-se as zonas mais altas do território).

A Wilkins situa-se na ponta norte da Antárctida, virada para a América do Sul, e há décadas que os cientistas previam o seu colapso. Um perito do British Antarctic Survey, David Vaughan, previu, em 1993, a ruptura desta placa num prazo de 30 anos. Porém, já passaram 15 e o degelo foi muito mais rápido do que se previa e a placa poderá mesmo desaparecer nas próximas semanas porque "está segura por um fio", admitiu o cientista.

(Fonte: DN online de 27 Março 2008)

Ver também página deste Blog: "O Aquecimento Global"

Rui Palmela

2 comentários:

  1. Se quizesem poderiam ter fixado a montanha de gelo ao continente?
    Penso que sim, assim no mínimo ela iria desmanchar em local seguro....

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  2. Rui Palmela06 abril, 2009

    Não, caro Wa Mor, hoje mesmo (cerca de 1 ano depois de ter escrito o meu artigo) a grande montanha se desligou definitivamente do continente antártico, pois se quebrou completamente o 'apéncide' de gelo (de 40 Km de comprimento por 500 m de largura) que a mantinha ligada, tendo-se desfeito em centenas de aicebergs.

    Isto quer dizer que os degelos polares estão se acelerando e o nível das águas do mar pelo mundo inteiro vão aumentar muito mais depressa do que as previsões científicas já avançadas.

    Na verdade penso que tudo isso se deve não apenas ao "Aquecimento glogal" nas últimas décadas mas também à mudança de posição (magnética ou geológica) do eixo da Terra que se está a verificar e os raios solares incidem naqueles pontos com maior incidência, além de que o grande 'buraco' na camada do Ozono se situa precisamente naquele região do globo.

    Portanto, é bom os homens pensarem bem no que se está a passar e mudarem urgentemente comportamentos em relação à Mãe Natureza que está dando sinais que muitos parecem não querer entender.

    Rui Palmela

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